Entretiens

Como tornar vivo o seu museu:Entrevista sobre Museus Regenerativos com a pesquisadora Lucimara Letelier.

Publicada em 14 de novembro de 2024

[ Illustration : Berit Wallenberg, Canal at Singel, Amsterdam, the Netherlands, 17.07.1934, fotografia, Swedish National Heritage Board, ]

Besson, Julie / Letelier, Lucimara

Seu museu está vivo? Você se sente vivo como profissional de museu? Lucimara Letelier abordou essas duas questões como palestrante no MuseumNext London em 2018. Trabalha desde 2017 em projetos que integram pensamento regenerativo e museus. Ao longo desta entrevista, ela explica o conceito de museus regenerativos, seus princípios e exemplos de como ter ideias, agir e se comprometer com a mudança necessária para museus corresponderem a questões contemporâneas urgentes.

Esta entrevista está disponível em francês, inglês e em português.

Julie Besson: Você poderia nos contar sobre sua carreira?

Lucimara Letelier: Desenvolvi um caminho profissional em gestão de artes e cultura, arrecadação de recursos para museus com comunicação, inovação e desenvolvimento Institucional por 20 anos. Há quase 8 anos que me dedico à sustentabilidade, práticas sustentáveis e regeneração.

Antes disso, trabalhei em projetos de impacto social em museus e, por quatro anos, em uma organização de direitos humanos chamada ActionAid, que defende os direitos das mulheres, a superação da pobreza e a justiça climática. Atuei como consultora junto a diversas orgnizações sociais e ambientais sem fins lucrativos.

O que estou fazendo agora é uma combinação da minha formação em gestão de museus e artes e cultura com impacto social e ambiental. É unir o que fiz antes com um novo propósito em minha vida. Até setembro de 2024, estou no Reino Unido, fazendo mestrado em estudos de museus com especialização em sustentabilidade ambiental (« Green Museum ») e impacto social.

J. B.: Você trabalha em museus regenerativos há vários anos e foi pioneira na pesquisa acadêmica sobre como aplicar esse conceito no setor de museus. Você pode explicar esse conceito?

L. L.: Durante muitos anos, a regeneração no campo dos museus esteve associada à regeneração urbana, por exemplo, projetos como o Guggenheim Bilbao.

Museu regenerativo, no sentido da minha pesquisa, é um pouco diferente. Baseia-se no conceito de regeneração desenvolvido por autores e pensadores recentes dos últimos vinte a Trinta anos, ainda que baseada em um conehcimento ancestral. É uma consciência de que não podemos mais sustentar nosso planeta e seus recursos. Isso significa que atingimos o esgotamento de recursos. Não basta fazer menos mal – que é o modelo de sustentabilidade – e fazer mais bem – que é o modelo de desenvolvimento sustentável -: precisamos regenerar.

Mas o que precisamos para nos regenerar e regenerar o planeta?

Os museus podem regenerar territórios, lugares e cidades, mas também mudar os sistemas de valores. Por serem regenerativos, os museus podem dar outra noção de progresso e, assim, ajudar a sociedade a se tornar uma regeneradora por si mesma. Esse conhecimento pode ajudar a restaurar terras e territórios. Uma cultura regenerativa tem muito a ver com levar as pessoas à noção de atuarmos coletivamente pelo « bem comum », na qual a prosperidade e a abundância são construídas conjuntamente. O Desenvolvimento regenerativo é voltado a sustentar a vida, todas as formas de vida, humanas e não humanas.

Os museus regenerativos têm maneiras mais dinâmicas de pensar sobre seu propósito para o futuro e o presente. Eles se comprometem com a restauração e a reparação: eles se comprometem com a mudança. Mudar o ecossistema com o qual estão envolvidos, fazendo mudanças sociais e ambientais. Se os museus começarem a identificar o que está degenerado no território onde estão (um bairro, uma cidade, uma região…), eles podem trabalhar com as comunidades para reflorestar essas áreas, por exemplo, criando hortas ou projetos semelhantes para preservar a biodiversidade.

Existem outras maneiras de ser um museu regenerativo. Com uma mentalidade regenerativa, os museus podem devolver objetos que foram roubados ou levados de outros países, construindo pontes de conhecimento entre pessoas que são as reais « donas » dos objetos das coleções em museus e que foram retiradas de suas terras e vivem em territorios onde museus estão localiados. Ao se envolver com as comunidades, os museus podem aprender os padrões ecológicos da terra original dos objetos. Eles podem então reformular a maneira como apresentam esses objetos em seus museus. E criar diálogos que influenciam a criação de resiliência adaptativa frente a crise socio-ambiental.

J. B.: A abordagem do museu regenerativo é diferente no Sul Global ou no Norte Global? O que torna um museu regenerativo?

L. L.: O Sul Global tem estado mais exposto a eventos climáticos severos e reconhece emergências climáticas e emergências sociais, de forma integrada, com maior frequência. Isso afeta a forma como os museus respondem. Eles responderam mais cedo às questões sociais, como podemos ver com a museologia social e museus de território no Brasil e na América do Sul. Muitos países também foram colonizados: as narrativas nesses lugares podem ser revisitadas para pensar de forma regenerativa.

Também podemos falar de ecomuseus: é um museu que cuida do seu território e não apenas de suas coleções, mas também da noção de participação da comunidade. Os ecomuseus do Norte são diferentes dos ecomuseus do Sul. Por exemplo, existe um ecomuseu na Amazônia que é regenerativo por essência. Ressalto em minha pesquisa que alguns museus, como os ecomuseus, nasceram regenerativos: foram criados para se relacionar com as necessidades do território, para incluir a comunidade no processo de tomada de decisão e para se relacionar com o momento presente.

Embora alguns outros museus não tenham nascido regenerativos, eles podem ter iniciativas regenerativas. Regeneração em museus é uma mentalidade, uma atitude estratégica e não uma tipologia.

Uma coisa que quero enfatizar é que a regeneração como uma teoria da mudança é um conceito que desenvolveu sete princípios, que são uma tradução dos princípios identificáveis nos sistemas vivos. Isso significa que uma organização pode aprender a ser regenerativa se aprender a estar viva.

Alguns pensadores reconheceram que várias organizações não estão conectadas à vida. A regeneração é sobre restaurar os padrões no sistema que são condutores à vida. Trata-se de desenvolver ações que ajudem o ecossistema a se regenerar, porque é isso que a vida faz, naturalmente! No entanto, como os seres humanos fizeram muitas intervenções negativas nos sistemas vivos, a regeneração deve ser feita com o propósito de recuperar esses padrões naturais para reestabilizar o sistema degenerado.

Quando um museu é regenerativo, ele aplica pelo menos alguns desses princípios. Os sete princípios são:

  • Totalidade/Integralidade: Museus que aplicam uma abordagem holística ao trabalho cultural, social, econômico e ambiental. O processo de tomada de decisão não separa a noção de sustentabilidade ambiental da sustentabilidade social ;
  • Potencial e Essência : Eu gosto de reunir esses dois. Todo lugar tem um potencial específico e toda organização tem uma essência: quando ambos se encontram, podemos criar inovação e capacitar o ecossistema. Se um museu reconhece e compreende sua essência, que é o que ele pode fazer por seu território, e reconhece o potencial do lugar ouvindo a comunidade: existem propósitos regenerativos que o museu pode encontrar, como curar e cuidar do lugar ;
  • Desenvolvimento: no processo de ações que o museu realizará, ele está desenvolvendo as capacidades das partes envolvidas ;
  • Reciprocidade: Ao envolver a comunidade, eles aprenderão com o museu tanto quanto o museu aprenderá com eles ;
  • Aninhamento: é o entendimento de que os visitantes, o museu, a cidade, o país, o planeta é um sistema aninhado. E atuar com partes deste « ninho » impacta as demais areas do mesmo sistema ;
  • Nodal: Quando você olha para a interconexão, fazer uma intervenção em um ponto nodal pode trazer uma transformação sistêmica.

O que fiz em algumas de minhas pesquisas foi olhar para museus que têm alguns desses princípios aplicados. Chamamos isso de « Nature Design », quando buscamos projetar como a própria natureza projetaria ». Seria intecionalmente observar a natureza e aprender, na prática, como a natureza traz a vida de volta ao seu ciclo e transferi-la para o sistema de gestão, ou a vida das pessoas, e depois para o setor de museus.

J. B.: Como ajudar os profissionais de museus a desenvolver competências para museus regenerativos?

L. L.: Parte da minha pesquisa aponta que precisamos construir uma liderança regenerativa nos museus. A liderança regenerativa é uma abordagem estudada na literatura e em muitos empreendimentos atuais, sendo aplicável a muitos setores.

Em minha pesquisa, uma coisa importante que observei é que precisamos ter conhecimento incorporado. Não podemos apenas aprender sobre regeneração em aulas ou por meio de conferências. Precisamos estar em um processo imersivo. A ideia por trás da liderança regenerativa nos museus é que « as pessoas possam ser tecelãs ». Esta é uma citação de Daniel Wahl. Ele fala sobre como os líderes regenerativos precisam aprender a facilitar as conversas com as comunidades e trazer conhecimento e sabedoria da comunidade para o museu, para encontrar soluções juntos.

Os profissionais de museus precisam desaprender certos conceitos, abraçar as perguntas mais do que as respostas e precisam ser vulneráveis e abertos a este processo. A exposição à vulnerabilidade, incerteza e impermanência no campo dos museus é bastante assustadora para muitos profissionais que foram treinados com uma abordagem baseada em evidências, especialmente no Norte Global.

Para resumir, museus precisam:

  • Abraçar a incerteza;
  • Criar programas para desenvolver habilidades internas, soft skills e objetivos de desenvolvimento interno.

A liderança regenerativa é uma combinação de trabalho externo e interno, como explica Bill Reed do Regenegys Group e o IDR, ambos entrevistados na pesquisa. Algumas das características são líderes experimentais e tomadores de risco, interessados em proteger a natureza junto com os sistemas de valores do museu. As missões e o propósito do museu precisam atender às necessidades da natureza.

Criar um processo de aprendizagem não cognitivo que traga experiências socioecológicas, aprender através da natureza, estar na natureza, criar programas ‘hands-on’/ Mão na massa » para que a aprendizagem regenerativa aconteça na e com a natureza como aliada. Existem academias de formação de liderança regenerativa no Norte e no Sul, mas não dedicadas a museus. Os líderes de museus podem procurar essas academias de liderança para evoluir e trazer esse conhecimento para o setor de museus. Fiz alguns treinamentos e programas imersivos em regeneração para poder agora transferir esse conhecimento para o setor de museus.

O compartilhamento entre pares é importante na aprendizagem regenerativa. Uma coisa importante é reconhecer que estamos vivendo um colapso socioambiental. Pode ser difícil para as pessoas. Então, temos que começar a pensar em soluções, proposições para trazer a vida de volta e experimentar propostas colaborativamente. Em ambos os momentos – reconhecendo o colapso e experimentando ideias – é muito importante estar acompanhado por uma rede que sustente suas crenças regenerativas.

A liderança regenerativa requer enfrentar a incerteza, mas você não precisa fazer isso sozinho. Você pode interagir com pessoas que pensam como você.

Os formuladores de políticas públicas e institucionais podem criar sistemas para que isso aconteça: redes e associações para discutir o pensamento regenerativo, ação climática e as soluções sociais.

J.B.: O ICOM é uma rede para profissionais de museus discutirem museus regenerativos?

L.L.: Sou vice-presidente do ICOM Sustain, Comitê do ICOM Internacional para o Desenvolvimento Sustentável e museus. Acredito que o ICOM agora apoia muito a ideia de que todos os museus devem adotar práticas de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade com base na Resolução do ICOM em Sustentabilidade de Kyoto, 2019.

Fui convidada para falar sobre museus regenerativos na mais recente conferência do ICOM sobre sustentabilidade e museus em Seul, Coreia do Sul. Fui recebida pela rede de profissionais de museus, destacando a importância da regeneração como um caminho evolutivo para a jornada da sustentabilidade futura. E como o próximo passo para os museus é se comprometer a encontrar soluções de longo prazo para questões sociais e ambientais.

É claro que os museus precisam fazer sustentabilidade, que é ter um prédio « verde », descarbonizar as operações, buscar operações NetZERO, gestão de resíduos, energia renovável, reutilização de água, etc. Agora, se eles adicionarem uma lente regenerativa ao longo do processo, verão que a solução não pode ser reduzida a um edifício verde, mas pode ser um ponto de partida para uma mudança mais sistêmica conduzida pelo museu.

Por meio do ICOM SUSTAIN, estamos comprometidos em criar uma rede de indivíduos que desejam dialogar, compartilhar ideias e compartilhar como estão evoluindo suas práticas em desenvolvimento sustentável. Uma das propostas é criar um centro de recursos online que as pessoas possam compartilhar referências ao criarem conferências, publicações, cursos e workshops. Existe um museu nos EUA chamado Ford Museum, que desenvolveu um programa residencial para agricultores regenerativos. Como podemos expandir esses estudos de caso para que as pessoas possam se inspirar nessas ideias que estão acontecendo globalmente ? É nesta direção que estamos trabalhando.

O ICOM UK me convidou para participar do Comitê que planeja a Conferência Anual para trazer o pensamento regenerativo para o coração da Conferência no próximo ano. Agora faço parte do comitê organizador da Conferência ICOM UK 2025. Apoei o desenvolvimento de seu conceito central e título: « Museus Regenerativos para Futuros Sustentáveis » e escrevi o texto sobre «  O que queremos dizer com Desenvolvimento Regenerativo e museus? ».

J. B.: Você está atualmente conduzindo um estudo sobre museus regenerativos. Quais foram suas descobertas?

L. L.: A principal constatação é que os museus exigem um novo paradigma para o trabalho socioambiental. Uma das conclusões da pesquisa, que partiu dos entrevistados, é que o pensamento regenerativo pode trazer um paradigma positivo para que os museus criem proativamente soluções para o trabalho socioambiental. Por que? Porque algumas das questões ambientais que os museus enfrentam exigem decisões difíceis, como por exemplo o decrescimento. Além disto, a noção do pensamento decolonial em museus causa desconforto e necessita um diálogo franco e integrando a questão social com a ambiental na decolonialidade. Trazer a ideia de desenvolvimento regenerativo é muito positivo: inclui o decrescimento, inclui o pensamento decolonial, mas a conversa começa com a criação de um presente regenerativo. Pode ser muito envolvente e positivo!

A segunda descoberta é que os museus podem ser sistemas vivos. É baseado no que expliquei anteriormente, os sete princípios dos sistemas orgânicos, vivos. De acordo com meus entrevistados, o design regenerativo pode ajudar os museus a trazer de volta a narrativa que une seres humanos e natureza.

A terceira é que o pensamento regenerativo expande o potencial de decolonização ao incluir uma lente ecológica. O que foi feito na decolonização até aqui foi importante em termos de impacto social, reparação e envolvimento da comunidade. Incluir a regeneração como parte dela pode ajudar a reparar o ecocídio e historicídio.

A quarta descoberta é que os museus podem se comprometer com lugares de cura, para serem zeladores, cuidadores de lugares. Os museus atuarão como centros comunitários e podem criar resiliência adaptativa. Segundo os estudiosos da regeneração, não iremos regenerar o planeta. Mas podemos regenerar lugares, que somados, regeneram o planeta.

A quinta descoberta é que o desenvolvimento sustentável é um caminho evolutivo para a regeneração. Os resultados da pesquisa apontaram as questões que o desenvolvimento sustentável precisa melhorar para ser regenerativo. Por exemplo, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável incluem crescimento econômico, voltado ao quantitativo, muitas vezes responsável pelo extrativismo e exploração da natureza e das pessoas. A regeneração é sobre crescimento qualitativo: pode exigir decrescimento e fundar outra noção de progresso.

A última é como os museus podem criar uma geração de regeneradores por meio de diferentes histórias. Existem mais de 100.000 museus em todo o mundo e mais de dois bilhões de pessoas visitam museus em todo o mundo. É uma oportunidade de influenciar mentalidades. Se esses museus se comprometerem a mudar as narrativas, eles podem influenciar a nova geração a se tornar regeneradora. Atuei com Robert Janes, autor do livro Museus e o Colapso socio-ambiental, por três meses planejando um painel juntos na Corèia do SUL. E juntos debatemos estes temas. Muitos destes dados encontram-se no livro de Robert Janes.

O que essas histórias contariam sobre o futuro? Uma é expor a verdade degenerativa, de que temos uma sociedade produzindo degeneração, destruição e colapso. Essas histórias não estão necessariamente em museus. Em segundo lugar, precisamos trazer histórias regenerativas, histórias positivas, outras formas de abundância, de vida e outras formas de pensar que desafiem os dogmas de sucesso, prosperidade e consumo das sociedades modernas. Pode trazer um sistema de valores diferente. Outra coisa é inverter a história que separa os humanos e a natureza.

J.B.: Você tem em mente algumas ações realizadas por museus que geraram mudança em suas comunidades?

L.L.: Há um ecomuseu em Benin, Tata Somba, que está recuperando a sabedoria comunitária sobre casas vernaculares e bioconstrução. Eles estão construindo casas com base no conhecimento de seus ancestrais. Isso cria envolvimento da comunidade e desenvolvimento do turismo também. O museu também está dando aulas com a nova geração para que eles possam aprender sobre isso.

O Museu Anzania no Kenya, também chamado de Museu do Futuro Natural, serve como um espaço de aprendizado para os jovens e crianças sobre a natureza e está restaurando a biodiversidade. Está restaurando uma antiga pedreira e transformando-o em um centro de reflexão sobre o futuro natural com base na perspectiva das crianças locais no Quênia, na África.

Ambos os exemplos mostram que os museus podem não apenas criar novas narrativas, mas também agir sobre o lugar em que estão localizados. Novas histórias para o futuro podem surgir por meio de um hub comunitário, criando histórias positivas para o futuro. O cuidado com o local une a comunidade.

O Museu da Universidade de Manchester criou um centro climático (Climate and Social Justice Hub) . Eles estão repatriando objetos de uma ilha australiana. Eles estão aprendendo com as comunidades da Austrália e revisando seu processo de gerenciamento de coleções. O processo de gerenciamento de coleções e os sistemas de curadoria do museu foram reavaliados com base nas práticas que aprenderam com a comunidade.

Eles estão criando exposições sobre re-naturalização/ reflorestamento e como as comunidades podem aprender a regenerar em espaços urbanos. Eles também mantêm lugares para conversas, onde os visitantes podem falar sobre o que isso significa para eles.

Quero reforçar que a noção de lugar é importante na regeneração. Ao regenerar lugar por lugar, podemos regenerar a Terra. Um ponto de partida é conversar com os visitantes sobre o que o lugar significa para eles e como eles podem se unir ao museu para regenerar esse lugar. Isso é o que o Museu de Manchester está fazendo, contado por Esme Ward, Diretora do Museu. E que Bill Reed explica na sua entrevista para minha pesquisa.

Em minhas entrevistas, os profissionais não necessariamente chamam o que estão fazendo de práticas regenerativas. Como pesquisadora, reconheço que os princípios que eles estão usando são regenerativos.

J. B.: Há algo que você queira acrescentar?

L. L.: No final da minha pesquisa, digo que o museu regenerativo é sobre a aplicação do « amor radical ». Este conceito vem de Satish Kumar, um professor da Schumacher College, onde tive aulas com ele sobre a reconexão entre seres humanos e a natureza, entre « Solo, Alma e Sociedade ».

Precisamos recuperar nossa humanidade. Minha pesquisa convida os museus a se juntarem a esse movimento, se afastarem do conhecimento cristalizado e abrirem espaço para um trabalho mais humano. É hora de rever nossa relação com a natureza. Requer mudança. A pesquisa é um convite à ação. Não podemos continuar destruindo a natureza como estamos fazendo. Os museus podem nos ajudar a refletir e agir de acordo com isso.

A regeneração não é nova, é um conhecimento ancestral e biológico. A vida está se regenerando o tempo todo. Mas porque destruímos os princípios do sistema, precisamos reiniciar os padrões que criamos e lembrar às pessoas que a regeneração faz parte de nós, de nossa sabedoria para salvar vidas e o planeta. Estou facilitando esse lembrete, criando pontes e traduções entre o setor de desenvolvimento regenerativo, e o de museus, para que possamos, juntos,regenerar !

Para ler a pesquisa e assistir aos vídeos das entrevistas da pesquisa:

Visit the Research webpage: www.regenerativemuseums.com

Youtube Playlist « Museus Regenerativos »

Vídeos com entrevistas da pesquisa « Museus regenerativos: redesenhando o papel dos museus frente ao colapso sócio-ambiental » de Lucimara Letelier, Universidade de Leicester, Reino Unido, março a julho 2024. A cada período, uma nova entrevista será colocada no ar.

Entrevistados :

Profissionais de Museus:

  1. Bridget Mckenzie, Diretora do Museu do Clima do Reino Unido (Reino Unido)
  2. Esme Ward, Diretora do Museu da Universidade de Manchester (Reino Unido)
  3. Evy Weezendonk, Diretora do Museu do Futuro Natural da Anzania (Quênia, África)
  4. Jenny Newell, curadora de mudanças climáticas no Museu Australiano (Austrália)
  5. Marlucia Santos, Director of Museu Vivo São Bento (Brazil)
  6. Nick Merriman, autor do livro « Museums and the Climate Crisis » (Reino Unido)
  7. Robert Janes, autor de « Museus e Colapso Social » (Canadá)
  8. Terezinha Martins, ex-diretora do EcoMuseu Amazônia, Diretora Rede de Ecomususeus da Amazônia (Brasil)
  9. Hannah Hartley. Gerente de Ação Ambiental no Museu de Manchester (Reino Unido)

Pensadores e praticantes regenerativos:

  1. Bill Reed, diretor do Regenegis Group (EUA)
  2. Daniel Wahl, autor de Design Regenerative Cultures (Alemanha/Espanha)
  3. Juliana Diniz e Felipe Tavares, Diretores do IDR – Instituto de Desenvolvimento Regenerativo (Brasil)

Para saber mais:

http://www.lucimaraletelier.com.br

https://www.regeneramuseu.com.br/

Para seguir Lucimara Letelier :

https://www.instagram.com/regeneramuseu/

https://www.linkedin.com/in/lucimara-letelier

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